PRIMAVERA EM PARIS

WILSON & WANNE

Primavera em Paris

Wilson & Wanne

Planejamos com certa antecedência essa viagem.  Pensávamos aproveitar o final da baixa temporada e ainda encontrar Paris toda florida com a primavera na Europa. Só faltou combinar com a primavera, que acabou atrasando e sabotando (um pouco) nossos planos. A cidade ainda curtia um friozinho e a paisagem, embora belíssima, era um tanto melancólica.

Mas Paris é sempre Paris, é a Cidade Luz, seja no final do inverno ou na primavera. É verdade que, no frio, uma cama quentinha é uma tentação, mas a beleza da cidade justifica o enfrentamento, e haja bater pernas pelo Quarter Latin e pela Île de la Citê, que é o miolo do centro de Paris, a parte mais medieval da cidade e onde tudo está ao alcance de uma rápida caminhada. O Palácio Merovíngio, a Catedral de Notre Dame, o prédio da prefeitura…

Ficamos em um hotel bem simples, próximo da Ponte Neuf, que é uma ótima referência quando se quer achar o caminho de volta. E íamos a pé pra toda parte, só usando o metrô quando a referência era uma determinada estação.

Claro, o Museu do Louvre era prioridade. Sabíamos que era impraticável uma visita completa, daí a necessidade de selecionar. A Mona Lisa, a Vitória de Samotrácia, e a Vênus de Milo não poderiam ficar por último, para não correr o risco de não ver. Mas, do Código de Hamurabi às imensas estátuas assírias, tudo vale a pena.

Pegamos chuva na fila do Louvre e nos protegemos com as mais vagabundas sombrinhas chinesas que já vi, compradas lá, dos mesmos coreanos que temos por aqui. Mas, enfim, lá estava ela, a estátua pela metade mais perfeita que existe, desafiando os artistas de todas as épocas. É… Diante de uma perfeição dessas, só inventando outros tipos e arte, porque essa é insuperável. Já a Mona Lisa, não se pode dizer muita coisa sobre ela porque não dá nem pra chegar perto.

Na época, foi uma discussão imensa sobre a compatibilidade daquela imensa pirâmide de cristal modernosa na entrada do Louvre com a imponência clássica do conjunto. No entanto, depois que se consegue entrar no átrio do museu e sente o conforto que ela proporciona, toda a discussão fica superada. Wanne , e claro, não perdeu a oportunidade de fotografar com a pirâmide pendurada (ou quase).

Se você é turista em Paris, não pode deixar de visitar a Torre Eifel. De novo, filas imensas, apesar do frio . Mas estava parecendo que o dia teria um pouco de sol e decidimos encarar. Escolhemos uma fila que era bem menor e cometemos a primeira gafe: era um portão que dava acesso somente ao primeiro pavimento. Aproveitamos o passeio de qualquer modo, mas tivemos que voltar em outro dia para poder ver Paris de cima. É impressionante como eles conseguiram manter a Paris histórica livre dos arranha-céus que a tornariam uma cidade comum.

Enfim, não perderíamos o dia e decidimos bater pernas pelo entorno da torre. Fomos andando até Trocadero, do outro lado do rio Sena, que é o lugar onde todo mundo bate aquelas fotinhas com a torre equilibrada em uma das mãos. Mas é, sem dúvida, um lugar maravilhoso, com imensos jardins com estátuas muito bem posicionadas. A torre, ao fundo, proporciona uma imagem de sonho.

Mas finalmente conseguimos chegar ao topo da torre e observar Paris de cima. Como em todo dia frio, as imagens ao longe aparecem em um branco neve um tanto irreal, mas muito bonito. A nota curiosa foi que descobrimos que sabíamos falar catalão. É que uma família catalã pediu informações sobre o portão de acesso ao elevador e nós, coincidentemente, já havíamos localizado. Para quem pensa que a língua neolatina mais próxima do português é o espanhol, aí está: catalão.

A noite ficamos com duas opções: o Lido, a mais tradicional casa de show de Paris, ou o Crazzy Horse, que tinha um quê de mais ousado. Como não havia mais ingressos no Lido, fomos para o Crazy Horse, onde assistimos um show relativamente bem comportado, se comparado aos padrões brasileiros. Mulheres lindas e talentosas, mas que pareciam ter saído da mesma forma.

Ainda deu para fazer uma passeio até Bruges, na Bélgica, uma cidade que ainda conserva uma feição medieval. Eu fiquei com vontade de conhecer desde que assisti o filme “Na mira do chefe”, que se passa lá.

De nossas andanças, todas muito produtivas em termos de sair ao acaso (flanando, como dizem os franceses) e encontrar os lugares de visitação obrigatória. Na verdade, se você está na Ilê de La Citê, é só atravessar a Pont Neuf e caminhar pelo Quartier Latin, perguntando aqui e ali. A Sourbonne, Museu Rodin, Les Invalides, Museus do Exército (a história de todas as guerras na Europa), e o retorno pelo Arco do Trinfo e todos os palácios do centro. É claro que é um passeios a ser repetido várias vezes, tantas quanto possível, inclusive prevendo uma tarde inteira nos Jardins de Luxemburgo. Se não, basta seguir ao longo do Sena, parando aqui e ali para apreciar a paisagem.

Outro passeio obrigatório é o de barco pelo Rio Sena, onde você tem a oportunidade de visualizar os grandes monumentos por outro ângulo, e sentir como Paris fluiu ao longo do Rio Sena. Claro, a melhor visão é de quem se posiciona na parte de cima.

Infelizmente, mais uma vez não foi possível visitar as catacumbas de Paris, já que esse roteiro só é aberto com o tempo bem ensolarado, por conta da humidade nos subterrâneos.

E aí, finalmente a primavera resolveu dar o ar de sua graça, com as flores aparecendo por toda parte com toda força. E eu resolvi fazer graça, tirando uma foto pelado nos Jardins de Luxemburgo. Logo uma lufada de vento gelado bateu, lembrando que o inverno ainda não havia se retirado de todo, e eu ganhei um baita resfriado.

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