A Ilha da Fantasia

St.  Martin/St. Maarten

O CARIBE DOS MEUS SONHOS

Wilson Carvalho

Outubro de 2010

A viagem para o Caribe não estava nos meus planos. Queria ir para Londres ou Roma, mas um resultado favorável em uma ação contra a CVC Turismo resultou num crédito a ser utilizado com os produtos da empresa, o que me levou a conhecer as propostas dela, e foi então que descobri uma rota irrecusável: Macapá – Manaus – St. Martin, uma ilha minúscula do Caribe próxima às Bermudas, dividida entre as Antilhas Holandesas e a França, com praias paradisíacas e uma cultura de alegria e tranqüilidade, ou seja, tudo o que estava precisando.    

O trajeto Macapá – Manaus  – ST Martin, foi extremamente cansativo. Saímos de Macapá a noite, passando por Belém como sempre e chegando em Manaus com o dia amanhecendo (para uma espera de dia inteiro), e em seguida pegamos o vôo da Gol para St. Martin. A melhor pedida foi um hotel no centro de Manaus, porque estava quente demais e eu precisava mesmo dormir.

Mas em St. Martin eu encontraria um hotel maravilhoso, que logo me faria esquecer o hotel de Manaus:

Consegui uma diária de R$90,00 em um hotel chamado Palace, na Av. 7 de Setembro, e embarquei para St Martin no fim da tarde. Não era bem o que eu gostaria, mas acabei viajando sobre as ilhas do Caribe a noite, e só deu pra ver as ilhas como colares de contas luminosas, como um Google Earth de pontos brilhantes.

O aeroporto já foi uma grata surpresa, suntuoso e bem organizado, ficava a 5 minutos do hotel. Como a ilha tem apenas 37 km de comprimento, os aviões desfilam sobre a praia, num espetáculo que chega a ser assustador quando o imenso Boeing projeta sua sombra sobre os banhistas e suas turbinas provocam um impressionante rebujo na água. E o Hotel Sonestra (www.sonesta.com/mahobeach ) era realmente de 4 estrelas, maravilhoso, dominando a praia de Maho e em frente de um mar azul turquesa em degradê para o azul profundo. O topless é comum em todas as praias. Lindo demais. Impossível não ficar encantado diante de tanta beleza.

O impressionante em uma ilha tão pequena (mas que recebe cinco vezes mais turistas do que o Brasil Inteiro) é a variedade de alternativas de passeios e atrações. Mas no primeiro dia, optei por uma bem comportada tour de ônibus pela ilha (3h de duração – 25 USD p/p), só para conhecer as estradas e cidades, escolher aonde iria primeiro e poder me movimentar com segurança. 

Fiquei conhecendo o posicionamento de Phillipsburg, a capital do lado holandês, com seu intenso comércio de lindíssimas jóias,  eletroeletrônicos, cassinos e, claro, suas praias; paramos em Orient Beach, a praia de nudismo; Marigot, a capital do lado francês, considerada mais boêmia e até um pouco perigosa a noite; os antigos pontos de extração de sal que justificavam, no passado, a ocupação da ilha; a imensa lagoa de Simpson Bay, ao lado de Simpson Bay, que acaba sendo um centro gastronômico e comercial interessante.

Nesse dia almocei em Simpson Bay, um lugar chamado Restaurante Lee’s, onde você pode escolher a lagosta num tanque, enquanto peixes imensos passeiam por baixo do deck, e pelicanos mergulham na lagoa e voam com um peixe brilhando no bico. Um passeio pela Back Street e pela rua da praia, em Phillipsbug é um programa bem legal.

Pela tarde resolvi curtir um pouco a área do hotel. O Sonestra Maho Beach abriga um complexo que vai das butiques a cassino, com bar molhado, piscina e café à beira da praia de maho beach.

A tardinha, um programa que se tornou quase obrigatório, ver o por do sol na praia de Maho, que ficava ao lado do Sunset Bar, onde as mulheres de topless tem direito ao drinque grátis e os horários dos grandes Boeings são fixados em uma prancha de surfe.

Na manhã seguinte, após um passeio em Phillipsburg, tomei um táxi para Orient Beach (a praia não é servida por ônibus – 18 USD), onde almocei um combinado (churrasco de franco e porco – 12 USD). Voltei de táxi direto para o hotel, já a tardinha (35 USD).

Orient Beach é uma praia frequentada tanto por naturistas, adeptos do nudismo (a direita de quem olha para o mar) como por não naturistas. Impossível dizer qual dos dois lados é mais bonito. Na parte dos nudistas, pessoas vestidas transitam normalmente, porém não o contrário. Uma pequena fileira de pedras separa os dois lados.

Eu, claro, preferi ficar na divisa e passear nos dois lados.

Quando cogitei ir a St. Martin, fui avisado que se tratava de um lugar muito caro. Entretanto, uma marguerita média de ótima qualidade em um lugar aconchegante custou 10 USD (18 reais). Em Macapá, uma pizzaria de qualidade equivalente cobraria mais ou menos isso. Havia uma boate ao lado da pizzaria que se chamava “Tantra” e anunciava a “Noite das Mulheres” com bebidas grátis para elas. Todo o conjunto em volta do hotel (Sonestra Maho Beach) era muito bem iluminado como o centro de uma grande cidade.

No dia seguinte, passeio a Anguilla, uma ilha britânica próxima (nem tanto – navegamos mais de 3 horas em mar revolto). Foi necessário apresentar o passaporte porque estaria em outro país. O barco – um catamarã a vela e motor – se chamava “Lambada” e o almoço (incluso) foi razoável, em Anguilla, com direito a escolher entre peixe e frango. O barco fez ainda uma parada numa ilha paradisíaca (Pricly Pearl), para prática de snorkel (equipamento incluso). 100 USD por pessoa, passeio de dia todo.

A noite em St. Matin é bem diferente, a vida noturna começa e termina muito cedo. Assim que escurece começam a fechar todas as lojas e poucos bares permanecem funcionando. Apenas as boates e os cassinos funcionam até mais tarde. Havia bem próximo ao Hotel o Café Cheri’s, que servia um jantar razoável e um show muito movimentando, com música ao vivo e, em especial, um show de um negão imenso, vestido de mulher. Uma noite chegou até a fazer pole dance na coluna no café. Geralmente sentava (ou tentava sentar) no colo dos turistas. Era um show até meio ingênuo, mas de morrer de rir. 

O quarto dia foi ocupado com uma deliciosa visita a Mullet Bay, uma praia linda que ficava próximo ao hotel, logo depois de um campo de golfe, e fui caminhando pelo que eles chamavam de rodovia (uma pista estreita, mas bem asfaltada) passando por um enorme condomínio destruído pelo furacão Joe, de 1997, e ate agora não recuperado. Logo na chegada, deparei com umas francesas de topless. Almocei na praia um combinado de 10 USD.

Um dos melhores passeios foi de catamarã em torno da ilha (Eagle Tour – full day – 110 USD pp). Divertido desde a saída, de uma marina em Simpson Bay, e parando aqui e ali nas melhores praias. A tripulação de marinheiras causava uma certa apreensão, mas na verdade, eram fortes e experientes, além de lindas.

Como a tripulação era muito jovem, na maioria mulheres, havia outros atrativos. Quando o passeio começava a ficar cansativo, a tripulação colocava uma música no sistema de som e puxava todo mundo para dançar. O ritual de oferecer um drinque para os passageiros que ajudassem a levantar a vela se repetiu com bem mais animação. 

Um grupo de brasileiros bem jovens também fez a diferença: quando outro catamarã passou pelo nosso, como se tivesse ganhando uma disputa, eles se enfileiraram na borda (só os homens) e mostraram o bumbum para os ocupantes do outro barco.

O almoço (incluso) foi numa praia do lado francês, em Gran Case, salada, peixe e sobremesa, tudo muito bom. O mergulho com os peixinhos, usando o snorkel, foi bem mais tranquilo. As mansões de  Marigot vistas do mar também foram uma atração. O uso de protetor solar o tempo todo é essencial.

Por fim, o retorno. Bom, que há de interessante no retorno. A volta pra casa, claro. O lance curioso é que alguns “turistas” não conseguiram evitar o bichinho do consumismo. Como St Martin é uma zona franca, o paraíso dos eletrônicos e das joias, alguns desses chegaram ao aeroporto com um monte de malas, e lá descobriram a regra de apenas duas malas. E aí era aquele deus nos acuda, de tentar enfiar o conteúdo de dez malas em apena duas. Mas não tive coragem de fazer um registro fotográfico dessa doidice.

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