Após um périplo Macapá – Belém – São Paulo – Buenos Aires – Bariloche, fiquei hospedado bem no centro de Bariloche, no 10º andar de um prédio onde funcionava um hostel muito simpático. A vibe lá era formar uma família, com cozinha à disposição dos hóspedes. Quando o frio impedia de sair, a opção era cozinhar no hostel. Foi numa saída para comprar material e fazer um sopão que eu peguei a minha primeira nevasca na vida.
Essa era a mesa de jantar quando o frio impedia as pessoas de sair. O de preto é colombiano, o de azul peruano, o de vinho australiano, eu, a dona do hostel, que era argentina, assim como sua amiga ao lado, outro peruano, e três canadenses. Não apareceu na foto um chinês que não falava uma palavra em espanhol, mas ria o tempo todo. Um grupo bem variado e interessante.
A cidade, além de lembrar um presépio, dava uma impressão de ter parado nos anos sessenta. Olha o carrinho do Mister Bean. As ruas muito bem cuidadas, as chocolaterias mostrando o percentual de chocolate, a educação dos atendentes, tudo muito agradável. Um cartaz engraçado: “Não reclame do frio, você está em Bariloche”. Só faltava dizer: “você veio porque quis”. Não reclamei.
Por uma semana não vi neve, mas a cidade é linda do mesmo jeito. E eu tinha planejado assim, encontrar a cidade no final do outono e pegar ainda uma parte de inverno. Deu tudo certo e eu pude apreciar os passeios nas ilhas do lago, nos bosques e no Cerro Otto, onde um teleférico leva uma confeitaria giratória, e você pode desfrutar de panoramas maravilhosos, com um frio suportável.
A cidade fica às margens do imenso lago Nahuel Huap, e um passeio de barco no lago é obrigatório. Uma lancha muito moderna e confortável leva os turistas até a Ilha Victória e aos bosques Arrayanes, onde você pode conhecer um bosque de filme da Disney, com árvores de cor alaranjada, incluindo uma caminhada por pontes que impedem que os turistas danifiquem a flora local. A foto alimentando as gaivotas também é imperdível, apesar de que eu acho que o fotógrafo fez um arranjo aí na minha foto.
Enfim, o inverno caiu de repente, com direito a nevasca e chuva de granizo. Ainda bem que eu tinha comprado uma meia-calça e cortado nos tornozelos, que eu vesti por baixo de todas as roupas de frio que tinha levado e mais um capuz de terrorista que eu comprei nessa lojinha, que ficava no térreo do prédio do hostel. Do dia para a noite a paisagem mudou completamente, parecendo um cartão de natal. Fotos tentando mostrar o vapor da boca e lamber granizo não são nada originais.
Eis que chega o dia da partida de Bariloche para Buenos Aires. Com muita pena me despedi da cidade coberta de neve, a primeira que eu tinha visto assim, com frio e neve tão fortes. Gostaria de ter ficado mais tempo, mas não sei se iria aguentar, afinal, eu sou um ser equatorial. O aeroporto fica a uns poucos quilômetros da cidade, por uma estrada que estava coberta de gelo e neve. Deu um pouco de medo de acidente, mas o motorista parecia acostumado a dirigir nessas condições. É por essas coisas que eu nunca alugo carro em terra estranha.
Como despedida, uma placa que acho interessante e costumo clicar quando encontro em minhas viagens.